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História da cidade do Carmo, Rio de Janeiro 

 Carmo, localizada na Região Serrana do estado do Rio de Janeiro, teve a sua origem na localidade chamada de “Serras de Macacu”, serras estas limítrofes as margens do Rio Paraíba do Sul e ao município de Além Paraíba no estado de Minas Gerais. Sendo que nesta época, estas terras foram ocupadas por garimpeiros vindos de Minas Gerais e suas famílias, escravos e índios.

 

Logo foram liderados pelo faiscador (termo utilizado na época para garimpeiros clandestinos que não recolhiam o quinto real) Manoel Henriques, conhecido como Mão-de-Luva, líder do povoado que explorou estas terras até 1786. Trabalhavam provavelmente nos leitos das águas da Região do município do Carmo, o Rio Paquequer, o Ribeirão do Quilombo e alguns Córregos, da Prata, da Glória, da Astreá, do Emboque, mas sem qualquer registro documental. Como cita o historiador Clélio Erthal.

 

Cabe ressaltar também que,  a História deste município, sempre caminhou, lado a lado, desde os primórdios com a História da Cidade de Além Paraíba, cidade esta que tinha um personagem de grande importância, Pedro Affonso Galvão de São Martinho, sargento-mor do Regimento de Dragões de Minas Gerais, que na ocasião, recebera ordens do governador de Minas Gerais, D. Luiz da Cunha Menezes de capturar um bando de faiscadores que garimpavam ouro do outro lado, na província do Rio de Janeiro, do outro lado do Rio Parahyba do Sul.

 

Terra esta, ocupada por índios selvagens e garimpeiros que praticavam o crime de lesa-majestade, sendo o personagem Mão-de-Luva, Manoel Henriques, o seu grande líder.

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 Diante disto, o vice-rei, Conde da Cunha, exigia a tomada do garimpo, a prisão dos faiscadores e uma instalação oficial para explorar o ouro dessas novas minas, do “Canta Gallo”, sertão pouco conhecido, terras conhecidas como “Sertões do Macacu”, depois como “Sertões de Cantagalo”, onde se deu a origem do município de Carmo.

 

Assim, na tarde do dia 10 de maio de 1786, o sargento-mor Pedro ordenou o seu destacamento descer o Rio Parahyba do Sul, penetrar no arraial do Mão-de-Luva, denominado “Porto do Cunha” (em homenagem ao Governador da Província),que hoje está localizado o distrito de Porto Velho do Cunha, e aprisionar todos. Registrou-se que logo após em Junho, foram encaminhados os réus ao Rio de Janeiro. No entanto, não consta o aprisionamento do Mão-de-Luva, com paradeiro desconhecido, justificando lendas e histórias que até o século XX assustavam crianças em toda a Região.  

 

Mas, logo após a captura do bando do Mão-de-Luva e a ocupação oficial da coroa portuguesa neste arraial chamado de Cantagalo, logo ficou clara a decepção dos resultados da mineração.

 Assim, após o prejuízo econômico, devido ao pouco ouro na região em 1810 o governo decide terminar a exploração do ouro, iniciando assim, a concessão das terras para aventureiros e homens de alguma posse, através dos títulos das sesmarias. Registrando-se em 1787 no Rio de Janeiro, 25 pedidos de Cartas de Sesmarias para atividades agrícolas, na região chamada “ Novas Minas de Cantagalo”. Vale ressaltar que, em 1806 noticiava-se que o vice-rei D. Fernando José de Portugal, sugeriu o cultivo de café, além de gado e açúcar nestas terras devido aos bons resultados nos arredores do Rio de Janeiro.

 

Alguns outros relatos desta época, de viajantes estrangeiros, como é o caso de Ida Laura Pfeiffer, austríaca, que em sua visita na primeira metade do século XIX, provavelmente em 1846, na região do Carmo, registrou sua experiencia numa Aldeia de Ìndios Puri, etnia extinta após a colonização nesta região. Outros viajantes, Debret, Rugendas, John Mawe, sinaliza grupos de índios, Puri (“Os Salteadores”) e os Coroados (Croatos ou Coropós), com característica de serem nômades ou semi-nomades.

 Começa um povoado a partir de 1842, após o término das obras da capela, chamado de Arraial de Samambaia. Por conta da existência de um morro, o Morro da Samambaia, depois passou a se chamar Arraial do Carmo de Cantagalo. Anos mais tarde, em 1846, a localidade torna-se a freguesia de Nossa Senhora do Monte do Carmo, passando a se chamar Vila do Carmo de Cantagalo. O distrito de Nossa Senhora do Monte do Carmo foi criado em 25 de Abril de 1845 e era subordinado ao município de Cantagalo. Em 1863 começa a construção da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Carmo, do lado da antiga capela. A Igreja Matriz foi inaugurada em 15 de agosto de 1877, como podemos ver ilustrada nesta pintura acima. E em 13 de outubro de 1881, através da Lei Provincial Nº 2.577 ocorre a emancipação política da cidade, desmembrando-se do município de Cantagalo e em 1889 quando atingiu a categoria de município com o nome de Carmo.

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Autor Luciano Huguenin, Inauguração da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Monte do Carmo, 1877, pintura a óleo.

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